O Prego da Peixaria, Bairro Alto




Rua acima, rua abaixo. Rua só para bus. Rua em contra-mão. Ruas que obrigam a seguir em frente, quando o que se quer é virar à esquerda. Semáforos no vermelho quando só se pedia que estivessem laranja. Condutores que acreditam nas minhas capacidades de adivinhação. Irra, que dia de condução dantesco! Felizmente tudo o que não envolveu condução, desde encontrar um lugar de estacionamento mesmo à entrada do jardim do Torel até à excelente refeição n'O Prego da Peixaria, correu lindamente.




Depois de ter estacionado o carro, e suspirado de alívio, lá nos dirigimos para o Prego. Naturalmente que, imbuído do pessimismo que me assiste, esperava chegar à Peixaria e ver aflorar um sorriso (de pena, pela nossa ingenuidade... "Coitadinhos, com esta idade, ainda acreditam no Pai Natal") na cara de quem nos atendesse, quando disséssemos "mesa para dois sem reserva". Estranhamente, em vez de um sorriso maquiavélico (algo no espírito de Sunset Boulevard), quem nos atendeu disse que só precisávamos de aguardar dois croquetes e duas imperiais, para termos uma mesa. Acho que nem dez minutos esperámos.

Olha para nós aqui!

Tenho de admitir que não foi a melhor mesa para quem tem 1,50m mal medido, como era o caso de quem me acompanhava. Era uma mesa alta, pelo que descer e subir para o banco eram sempre momentos que apelavam à agilidade, e capacidade de equilíbrio, e, segundo me disseram, o facto de não se chegar ao apoio dos pés também não é muito agradável. Mas a mesa teve três pontos a favor. Primeiro, conseguimos uma mesa, ponto! Segundo, conseguimos ter uma bolha de privacidade que dificilmente teríamos em qualquer uma das outras mesas. Terceiro, conseguir a atenção de quem atende era fácil, bastava eu esticar o braço e ou paravam ou caíam no chão :-) Felizmente não foi preciso recorrer a tais manobras para ser atendido, todos os que nos atenderam foram simpáticos e disponíveis quando solicitados.


A decoração está muito bem conseguida, aliando materiais tradicionais (mármore, madeira, ardósia), elementos decorativos vintage (candeeiros, mesas e bancos) e uma atitude moderna (sendo a parede do pátio interior, um dos melhores exemplos). A disposição do restaurante está condicionada pela própria arquitectura do edifício (que parece ser daqueles que resistem a terramotos...) mas todos os recantos foram aproveitados ao máximo, com óptimos resultados. O pátio interior é especialmente agradável, quer pela decoração do espaço, quer pela sensação de se estar a comer ao ar livre.

Se tenho que apontar algo menos positivo ao espaço será o nível de ruído, que se torna mais sentido quando saímos do restaurante e um alívio desce sobre nós. Já agora, um conselho de amigo, tentem não ficar na mesa logo à entrada... é o local onde as pessoas esperam, comem a comida dos outros com os olhos, e deitam olhares fulminantes (eu sei, também o fiz - e digo isto com uma pontada de vergonha) se estamos só na conversa pós prandial.




O conceito de pedir é engraçado. Num vaso/caneco metálico, junto aos guardanapos, encontram umas folhas com a ementa e um lápis para assinalarem o que querem. Existe uma versão inglesa e outra portuguesa... eu optei pela versão inglesa para elevar a fasquia de dificuldade e poder fazer perguntas parvas (facilmente respondidas na ementa portuguesa). Não elevem a fasquia, procurem a ementa em português.

Para a mesa veio, 

Batatas Marilyn Monroe | onduladas, extremamente finas e estaladiças
Chips de Batata doce | grosseiras em palitos 
+
Marialva | carne do lombo, mostarda tradicional e toucinho em pão do coração 
Yuppie | carne do lombo, maionese de manjericão, queijo cheddar e pancetta em bolo do caco
+
Limonada de limão azedo (em frasco de vidro) e caneca de cerveja (em caneca de vidro normalíssima)

E pronto, depois foi fazer aquilo que nos é natural...comer, comer, comer e comer. Acho que só com as batatas eu fazia uma refeição plenamente satisfatória. Batatas fritas de batata doce é uma ideia genial mas, não pensem, que as Marilyn Monroe se ficam atrás, estaladiças no ponto, era só comer e desejar para nunca ver o fundo ao caneco.



(se a comida não tiver um aspecto apetitoso, não coloquem a culpa na comida mas sim nas pessoas que tiraram as fotos... é o que dá ter telemóveis em para tirar fotos é necessário tirar a tampa de trás lol)



Como tantas vezes acontece com as pipocas no cinema, quando chegaram as "sandes" já as batatas estavam nas últimas (mea culpa, por ser tão lambão). As ditas "sandes", Marialva e Yuppie, estavam excelentes, muito bem temperadas e confecionadas, cujo único problema era terem um fim. Admito que tive vontade de pedir outra, especialmente porque as via passar de todas as cores e formatos, mas decidi refrear a gula (nem que seja porque já estava a ficar cheio) e deixar para uma próxima visita.


Para sobremesa, escolhemos o carpaccio de maçã. A conjugação de maçã com mel e uma bola de gelado de canela pareceu-nos muito bem, apesar de não abarcarmos completamente o conceito carpaccio aplicado a uma maçã, mas how bad could it be? é maçã...

Quando nos colocaram o prato à frente percebemos então o conceito, e teve o nosso selo de aprovação. É uma sobremesa que tem o bónus de nos permite dizer (enganar) que, depois de nos empanturrar-mos em batatas fritas e sandes, conseguimos resistir ao demo e comemos fruta à sobremesa (so healthy of us).



É uma sobremesa perfeita para duas pessoas, pois tem quantidade suficiente para isso, sem que se passe pela parte de "Queres este último bocado? (ai de ti que digas que sim!)" "Eu? Não!... (QueroQueroQueroQueroQueroQuero!)" "Tens a certeza?" "Bem..." "Opá, agora já comi, como disseste que não...(Foste!)"

No fim, por tudo pagámos 15€ pp mas saímos mais que cheios. Conclusão: sítio da moda que merece estar na moda, pelo espaço, atendimento e comida.



Rua da Escola Politécnica, nº 40, Lisboa
(mesmo ao lado do Poison d'Amour)

Encerramento: Não encerra
Horário: 12h30 às 24h00 | Sexta e sábado até à 01h00

http://opregodapeixaria.com/pt/
Telefone | 213 471 356





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