Amoraria, Mouraria




Este foi (mais) um jantar programado à última da hora. Com o Natal a aproximar-se de forma galopante e um voucher da Zomato a expirar, não houve tempo para pensar sobre quando iríamos jantar ao Amoraria, se queríamos ir (como diria Jorge Gabriel) era agora ou nunca. Claro que escolhemos o agora (ponhaponhaponha!).

Mas tal era o aceleramento que, quando dei por mim, não sabia sequer onde ficava o restaurante e já não tinha nenhum computador por perto (o meu telemóvel continua a não ser smart...). Pronto sabia que ficava na Mouraria mas isso é algo redutor quando falamos duma zona verdadeiramente labiríntica como a Mouraria. Felizmente a minha companhia para jantar conseguiu resolver esta questão, quando (finalmente) chegou ao pé de mim trazia consigo um belo croqui a indicar onde ficava o restaurante (infelizmente esqueci-me de fotografá-lo pois estava um espetáculo, percetível apenas para quem o fez :-). Mas funcionou, isso é que é importante.

E sim, é preciso mesmo saber onde fica o restaurante, não se vai lá pelo cheiro. 

Primeiro alerta: estacionamento. Ou se coloca no estacionamento do Chão do Loureiro, ou se tem sorte ou vai-se a pé. Nós tivemos sorte, do género Santa Casa... raspámos, raspámos e quando parecia que não teríamos o terceiro igual lá saiu o prémio! um lugarzinho (relativamente) perto do restaurante e (quase) legal. Mas estávamos a ver a coisa mal parada, à nossa frente tínhamos uma longa rua de sentido único com pouco lugares (legais ou mais coloridos) disponíveis.

Segundo alerta: encontrar o restaurante e acreditar que é um restaurante. Se encontrarem a igreja de São Cristóvão então têm já o trabalho quase concluído. Basta contornarem a igreja até acharem a Rua da Achada, ruela que contorna as traseiras da igreja, e depois é só percorrê-la até acharem o "restaurante" (se contornarem a igreja pela direita, vão encontrar um restaurante no início da ruela...lamento mas esse não é o Amoraria.... too easy).

Quando nos deparámos com a entrada do Amoraria (levámos algum tempo a acreditar que seria mesmo a entrada) as minhas sobrancelhas ergueram-se qual asas de um cesto (ou abas do estádio do Benfica), a minha testa enrugou mais que um Shar Pei e pensei "cócó!".
 



Vá, sejam honestos. Diriam que esta é uma entrada de um restaurante ou de uma loja de velharias? Pois.... Depois de algum... entramos... não entramos... decidimos dar uma oportunidade ao restaurante (mesmo tendo o Dirty Harry a dizer ao meu ouvido do you feel lucky? Well, do ya, punk?).

E assim entrámos no mundo do Amoraria. O interior faz todo o sentido com o exterior, em que tudo à nossa volta são velharias, "arrumadas" por forma a que o espaço possa ser utilizado como restaurante. Mas o mais curioso é que, a contrário do que sentia quando olhava do lado de fora, esta decoração em vez de repelir fez-nos sentir confortáveis e à vontade, como se estivéssemos no anexo ou marquise de algum familiar mais velho. Se forem à espera de um restaurante mais estruturado, certinho, mais arrumadinho então não vão gostar. Se forem com um espírito aberto, em que tudo há-de correr, vamos é passar um bom momento e descontrair, vão certamente gostar deste espaço.

 


O senhor que nos atende ajuda a gostar do espaço. Descontraído, de conversa fácil e sempre com uma tirada engraçada, apela à descontração e ao convívio. A música ao vivo, tocada e cantada sempre num tom morno e envolvente, não impede a conversa pelo contrário cria uma banda sonora para a refeição.


Vieram várias malgas com diferentes pratos, cachupa, frango de caril, cuscus com cogumelos, arroz e batatas fritas, tudo acompanhado com vinho tinto da casa. E tudo estava excelente! E eu que nem sou grande apreciador de cachupa não me fiz rogado a raspar bem a taça :-)

 


Como tínhamos lanchado, pudemos comer os petiscos calmamente, sem a pressa de fazer desaparecer a fome, e colocar a conversa em dia. Tudo ao som de música a ser tocada a meia dúzia de passos de nós. Estávamos tão confortáveis que perdemos a noção do tempo, quando demos por isso já tinham passado várias horas.

A sobremesa foi pequena mas potente. Envolvia coco e caramelo, tinha um sabor forte e doce mas que assentou lindamente no fim da refeição.

Este é um restaurante onde se consegue facilmente fazer uma refeição por 15€pp, dependendo sempre do número de prato/petiscos que se pedir (e do vinho que se beber).

Foi uma excelente surpresa para fechar o ano. Aconselho vivamente uma visita.

Para desmoer (e porque nos perdemos), fomos até ao miradouro da Graça onde fomos presenteados, ainda que estivéssemos quase a virar Fizz, com esta eterna vista de Lisboa.






Rua Da Achada, 2 | Mouraria, Lisboa 1100, Portugal
+351 931 811 139

Ter a Dom
 |18h às 24h


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