A Loja, Lisboa



Então é assim. Já que obrigam a levantar este meu belo corpinho do seu local de repouso (eterno) a um domingo (a horas do demo) pois bem ele tem de ser alimentado. Porque até posso ser pobre em espírito mas em apetite (infelizmente) não sou.

Assim, imbuído desta vontade feroz de compensar esta desgraça, calamidade, hecatombe (apenas alguns dos substantivos que me ocorrem) saquei do papel onde, em tempos idos, tinha escrevinhado alguns locais economicamente simpáticos (porque a ferocidade não me toldou a salazarice) que queria experimentar.

Como a desgraça gosta de companhia, decidi que deveria arrastar alguém comigo para esta espiral de violência :-) E foi o melhor que fiz. Esperei tanto tempo pela companhia que quando finalmente chegou ao pé de mim a tempestade tinha passado, restando apenas alguns chuviscos.

E foi neste estado de espírito que chegámos à Loja.




O nome. Não sei se leram Gone Girl (deviam... e o filme não chega) mas o nome desta hamburgueria fez-me lembrar o livro, não porque tenha uma loira sociopata a atender (o que, sem desprimor para quem efetivamente atende, até seria interessante), mas pelo conceito curioso de chamar The Bar a um bar (Gone Girl) ou A Loja a uma loja. Isto já para não falar do potencial Gato Fedorento deste nome... Onde foste almoçar? À Loja. Que Loja? À Loja... sempre um excelente bloqueador de conversa.

Onde fica. A Loja situa-se na rua D. Francisco Manuel de Melo, rua vizinha de um dos mais famosos retiros espirituais do país - o Estabelecimento Prisional de Lisboa - e de um dos locais onde se dá o maior número de boleias, sem distinção de género, em Lisboa - Parque Eduardo VII.
A Loja não chama a atenção por isso é fácil passar por ela sem dar conta. Mas nada como estacionar o carro e dar corda aos sapatos. Devo dizer que ao domingo corre muito bem mas desconfio que durante a semana a conversa deve ser outra.




A Loja. Depois de estacionados, eis-nos diante da hamburgueria a discutir qual serão as nossas hipóteses de sermos atendidos às duas da tarde. Bem, nada como empurrar a porta e perguntar... Pacífico. Mas claro que nos atendiam, que escolhêssemos a mesa (viva os domingos!) e nos sentássemos.

A decoração. Ao entrarmos, deparamo-nos com um espaço relativamente pequeno (comparado com algumas hamburguerias que por aí andam é uma penthouse) que inspira descontração. É engraçado (in a good way) mas a decoração do espaço fez-me pensar que estava a entrar num talho que tinha sido reconvertido em restaurante mas mantendo alguns dos seus traços originais... julgo que esta sensação resulta dos tampos de mármore com veios cinzentos, do balcão e da forma como as ementas estão penduradas. No entanto, o resultado final é alegre e, se ignorarmos o balcão, quase celeiro like :-)





A comida. A ementa é essencialmente hambúrgueres no prato ou no pão (não sei se já tinha referido que A Loja é uma hamburgueria...?), em que cada estado de espírito (prato ou pão) conduz a diferentes planos de existência (diferentes ingredientes e molhos), mas para quem não queira comer chicha tem ainda a opção de saladas. Também existem entradas como batatas fritas com ovo ou bolo do caco, tudo iguarias hipocalóricas.

E foi nas entradas que cometemos o nosso erro colossal.... Se achavam que agora eu iria dizer quão má era a entrada, desenganem-se meus caros. A entrada estava ótima e numa porção de fazer inveja a muitos locais de petiscos. E aqui residiu o problema.... comemos que nem lontras, tendo como resultado final não conseguirmos comer sobremesa...
 
 


... porque os hamburgueres que pedimos vinham igualmente ótimos e bem servidos!




Hambúrguer no prato com molho de cogumelos e hambúrguer francesinha (muito bem) acompanhados  com batatas fritas aos gomos. Se a vocês vos parecer bem a nós soube-nos ainda melhor :-)
No fim, estávamos cheios até às orelhas (deixar comida no prato é sacrilégio) mas contentes por termos feito uma aposta vencedora. Infelizmente (como observado anteriormente) não houve espaço para a sobremesa, sob pena de ela entrar pela boca e sair pelo nariz de tão a abarrotar que estávamos (next time!).

Pós-prandial. Depois de um tempo de repouso, para a comida assentar poeira, e um café para fechar o almoço, lá pedimos a conta. E o que vinha escrito no fatídico papel não provocou grandes espasmos faciais ou ofendeu pois 12€ pp bem servidos, comidos e atendidos parece-me justo.



Pós pós-prandial. A partir daqui foi sempre a descer, mesmo! Para desmoer (termo que me faz sempre pensar que sou um moinho) toca de descer até à Ribeira das Naus e voltar a subir, com algum tempo de paragem na relva inclinada da Ribeira.






Rua Dom Francisco Manuel de Melo nº26
1070-087 Lisboa, Portugal

Horário | Dom a 5ª - 12h às 22:30 | 5ª e Sáb - 11h às 00h30 |
TLF - 213880923 | Email - alojalda@gmail.com



Comentários

L das Horas disse…
Andada mesmo à procura de um sítio para jantar nesta zona! Grande partilha, obrigada!
Sebastião disse…
Muito contentes por termos ajudado :-) boa refeição!

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