Le Moustache Smokery, Príncipe Real




Le Moustache Smokery andava na calha já algum tempo. A sininho que o diga. 



Mas, por vezes, parece que quando se tenta planear falha, quando se aparece à porta sem planear acontece. Não é uma regra, muito longe disso. Na verdade, quando se aparece à porta assim sem avisar, corre-se o risco de acabar a comer um triste Happy Meal como paga pela audácia em não ligar antes, para saber se cabem mais uns para jantar. Felizmente (desta vez) não foi o caso :-)

Depois de um passeio pelo Jardim da Estrela, decidimos que era altura de começar a pensar onde queríamos jantar. Após algumas indecisões e ideias e discussões, o normal portanto, lembrei-me que podamos continuar a passeata Rua de São Bento a baixo até à Praça das Flores, onde ficava um restaurante que tinha muita curiosidade em conhecer, o Le Moustache Smokery. Quando chegámos à Praça das Flores, houve ainda tempo de mais alguma fricção, tendo sido necessário recorrer à minha voz mais birrenta e dizer EU quero este! Eu quero este! Vá Lááááá! Olha que eu atiro-me para o chão e faço uma birra! Pronto, estou a exagerar (mas só um bocadinho) mas que tive de arrastar a minha companhia da entrada de outro restaurante, nisso não estou a exagerar. Felizmente que no fim concordou que tinha valido a pena ser arrastada.




Tendo em vista os outros restaurantes que tenho visitado na Praça das Flores, admito que uma das coisas que me causou alguma surpresa quando entrámos no restaurante foi o espaço físico, mais concretamente a sua abundância. Só a sala de entrada, que parece literalmente uma sala de estar, tem o tamanho de muitos restaurantes existentes nesta zona. A sala de jantar principal é ainda maior parecendo, isso mesmo, uma sala de jantar. Julgo que nem seria preciso referir que aqui não existe o problema de se estar a jantar em cima de pessoas de não conhecemos, a ouvir conversas que não queremos ouvir e a levar encontrões que não queremos sentir. A nossa bolha pessoal tem espaço para respirar.







A decoração do espaço é outra das coisas que me surpreendeu. Vão ver que vão ser surpreendidos por descobertas ao longo da refeição. Olha aquilo são tampas! Olha aquilo são colheres de pau! Olha um pássaro! Olha um avião! Olho Super-Homem! E por aí fora. Agora a sério, está uma decoração simples mas com vários elementos decorativos deveras originais, que vão desde tambores de máquinas de lavar até colheres de pau. Muito Joana Vasconcelos (o que para mim é um elogio).

Depois de sentados, tratámos de namorar a carta, tirámos algumas dúvidas existenciais e no fim decidimos escolher algumas tapas e uma tábua com três cortes para dividir. Tenho a referir que, apesar das distância entre as mesas impedir ouvir as conversas, ouve um som que nos acompanhou durante todo o processo de escolha dos nosso pratos. E qual foi, então? Foi o som de chupar os dedos! O senhor na mesa atrás de nós deu-nos a melhor indicação possível que a comida deveria ser boa, a todo o momento lá ouvíamos a sinfonia, ora chupa um, ora a seguir vai outro, ora chupa mais um que só dois é pouco. E no entretanto vai mais um dedinho. Eu bem tentei fazer o mesmo quando chegou a hora mas levei logo com um olhar fulminante e um responso, portanto tive que me comportar como uma pessoa civilizada.




Como entradas escolhemos as Chicken wings "Gangnam style", Surf & Turf (lombo de vaca com gamba enrolada em presunto e compota de figo picante) e mini bifana desfiada no caco. As três entradas estavam ótimas mas foram as asas que me apanharam desprevenido. Primeiro parecia que o picante era suave mas depois kaboom! toca a dar mais um gole na cerveja para apagar o fogo. Mas como estavam tão boas, não deixei que o fogo me metesse medo e fiz-me a elas (e eu que não gosto de picante...).

Quando acabámos de lamber os dedos... desculpem! de comer as entradas, veio então o prato principal ou melhor dizendo a tábua principal. Ele era ribs, ele era sausage, ele era schnitzel (frango panado) e tudo isto acompanhado com batata frita rústica e chilli de grão. Portanto assim que aterrou a tábua, agradecemos ao piloto pela aterragem bem sucedida, e começámos na dança quase sincronizada à volta da tábua, Toma o grão, dá cá as batatas. Eu corto as ribs e a xauxixa! Não queres mais schnitzel? Sempre a tirar algo da tábua até à última fatia de carne, batata frita ou colher de grão.

 



Portanto não só a tábua tinha uma apresentação a pedir que lhe tirassem uma foto como também tudo o que veio servido nela tábua estava muito bem confeccionado. A carne tenra e suculenta (digna de se chupar vários dedos), o chilli de grão (sem carne) uma surpresa agradável e as batatas estavam fritas no ponto estaladiço, tudo óptimo, tudo óptimo.

Mesmo depois das entradas e da tábua, claro que arranjámos espaço para partilhar uma sobremesa. Afinal a sobremesa já estava escolhida há muito tempo, antes mesmo de termos decidido o que iríamos comer como entrada ou prato principal. Este meu sweet tooth é do piorio.




Quando li que serviam Pavlova, nem mais pensei noutra possibilidade, estava decidido o que iria pedir para mim. No fim da refeição, chegámos a um acordo de cavalheiros. Nenhum de nós estava predisposto a comer uma sobremesa por si e ambos gostamos de Pavlova, já tivemos decisões mais difícieis :-)

E que belíssima decisão! Excelente Pavlova! Não tenho muito mais a acrescentar. Estava no ponto, em termos de consistência e doçura, com uma apresentação cuidada (que do lado de lá da mesa mereceu muitos elogios) e perfeita para ser partilhada.




Antes de falar de quanto nos custou esta aventura gastronómica, não posso deixar de falar (bem) do atendimento, simpáticos, prestáveis e pacientes com as nossas dúvidas, tudo o que se quer na pessoa que nos atende num restaurante. Em termos de custos, lamento informar mas custa um bocadinho (~25€pp), especialmente se decidirem soltar a franga como nós fizemos (ou mais ainda), com várias entradas, uma tábua com três cortes, etc... Mas valeu a pena, pelo espaço, pela comida e pelo ambiente, tudo combinado faz com que seja dinheiro bem gasto. 

Vão e vejam por vocês mesmos.







Horário | Dom a 5ª - 12h às 15h/19h às 24h | 6ª e Sáb - 12h às 15h/19h às 2h
Praça das Flores, 44/45, Príncipe Real, Lisboa
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